António Félix da Costa foi o convidado especial de mais um F1 Eleven 1:1, em direto, no Instagram da ELEVEN SPORTS. Durante cerca de 45 minutos, o piloto português, de 28 anos, de Fórmula E, na equipa DS Techeetah, recordou diversas histórias e etapas da sua carreira de piloto.
António Félix da Costa era apontado como a promessa portuguesa da Fórmula 1 após ter assinado contrato com a Red Bull para o programa de jovens pilotos: “2012 foi o ano que entrei na Red Bull Junior Team e parecia que havia magia, qualquer carro que me sentasse ganhava”.
O jovem piloto português recordou a história da sua quase entrada para a F1: “No final de 2012 eu ganhei o GP Macau e o Helmut Marko mandou me uma mensagem a dizer que iríamos atingir grandes coisas juntos…”. “Fiz o banco da Toro Rosso, fiz o fato, tinha voos marcados para a América e Brasil para fazer os treinos livres de 6ª feira… O Franz Tost ligava-me quase todos os dias e dizia “tu vais ser meu piloto para o ano que vem”. Fui 2 ou 3 vezes à fábrica da Toro Rosso.”
O sonho terminou com um telefonema: “Lembro-me de receber a chamada do Helmut a dizer que o lugar na F1 já não estava disponível para mim. Entrei no quarto e comecei a chorar baba e ranho. Trabalhei muito, acreditei e percorri o meu sonho de chegar à F1 durante 15 anos de carreira e vi o sonho ali tão perto a fugir numa chamada”.
Sobre a entrada de Daniil Kvyat António Félix da Costa concluiu: “Existe política no nosso desporto e foi um plano que começou a ser montado para o Kvyat uns meses antes. O que moveu mundos foi haver um GP na Rússia.”
Referindo-se ao piloto russo, António Félix da Costa referiu que “O Kvyat não é um mau piloto. Vamos assumir um cenário, se fosse eu se calhar ficava por exemplo em 5º ou 6º e com ele fica em 7º ou 8º, compensa o crime, mas atenção que ele teve uma boa primeira época na F1. Não é por mal, mas o Kvyat parece um gato, tem 7 vidas. Bate, é despedido, volta, bate, sai, volta… O Kvyat estreou-se na F1 com um contrato de 3 meses, eles assinaram-no a medo e eu continuava a preparar-me, a andar de F1 sempre que dava, mas depois ele tem um bom início de época e a minha chance acabou.”
António Félix da Costa desempenhou funções de piloto de testes, simulador e reserva na Red Bull de 2012 a 2015. Dessa altura recorda que “No GP Monaco o Vettel queria o carro 2,5% mais mole e pediu-me para testar no simulador, e foi o ano que ele lá ganhou pela primeira vez.”
Sobre a sua relação com Vettel António Félix da Costa refere: “Sempre me dei muito bem com o Vettel. Estávamos no GP EUA e ele convidou-me para ir no avião dele para o Brasil passar 3 ou 4 dias ao Rio de Janeiro antes de seguirmos para Interlagos. E pronto, fui no avião com ele e o Helmut foi num avião normal, o Vettel não o convidou… Fiz essa viagem com ele, fizemos surf, foi porreiro e ele tratou-me muito bem, demo-nos mesmo muito bem.”
Os carros de Sebastian Vettel e Mark Webber eram, nas palavras do piloto português, “Muito diferentes, os 2 tinham estilos de condução muito diferentes, por acaso o meu estilo era mais parecido com o do Webber. Tinha o carro com a frente mais forte, que é também o meu estilo.”
Comparando Vettel e Webber António Félix da Costa partilhou que “O Webber não pedia muita coisa, chegava, guiava e ia embora. O Vettel punha aquele trabalho extra, e é por isso que ganhou 4 títulos mundiais.”
Sobre a possível ida para a Ferrari, António Félix da Costa referiu que “No final desse ano 2014, no Brasil, o Vettel disse-me que queria que eu fosse com ele para a Ferrari para o apoiar no simulador. A Ferrari faz-me uma proposta, não vale a pena entrar em números, mas pagavam 10 vezes mais que a Red Bull… Eu fui ao Helmut e ele não me deixou sair e disse que não me aumentava nem um Euro.”
António Félix da Costa ao referir-se ao fim da relação com a Red Bull, em 2015, mencionou que: “ficou uma relação mais azeda com o Helmut, eu na minha cabeça já me queria ir embora e assim foi, sai no final desse ano, mas a carruagem da Ferrari já tinha passado.”
Em 2014 o piloto português esteve prestes a correr por Lewis Hamilton no GP China. António Félix da Costa recordou que “Em 2014 estávamos na China e depois do FP1 o Helmut Marko disse-me que o Hamilton estava com uma intoxicação alimentar e que o Niki Lauda não tinha lá o piloto de reserva deles e queria-me por no carro da Mercedes. Tremi todo, ia-me estrear na F1 uma hora depois, mas ele voltou passado alguns minutos a dizer que o Hamilton tinha levado uma injeção e queria fazer o FP2 a ver se estava bem.”
Comparando pilotos atuais de F1 com quem correu, António Félix da Costa concluiu: “Dos que corri, a nível de rapidez meto o Bottas, o Riccardo e o Magnussen no mesmo patamar.”
Sobre o piloto espanhol Carlos Sainz, António Félix da Costa referiu que “O Carlos é um piloto que eu sempre soube que era topo. Na altura que corria comigo raramente ficou à minha frente, mas também tinha menos 2 ou 3 anos e nessas idades faz diferença. Mas eu nessa altura olhava para ele e pensava que com a idade dele não conseguia fazer algumas coisas que ele fazia. Não me surpreende o que ele faz hoje em dia e acho que na Ferrari se vai também provar como um piloto fora de série. O Carlos tem uma força mental muito forte e uma estrutura familiar muito forte à volta dele.”
Sobre Max Verstappen o piloto português não hesitou; “O Max com 15 ou 16 anos levou uma doutrina que nenhum de nós levou e por isso é que é o fora de série que é.”
Na opinião de António Félix da Costa sobre futuro de Vettel e Mercedes: “Olhando para a Mercedes como fã é um sonho ver o Vettel na Mercedes, os 2 melhores dos últimos anos no mesmo carro. Para a Mercedes seria ótimo ter um piloto alemão como um nome enorme com ele. Mas olhando para a Mercedes como um negócio, a Mercedes andou a investir muitos milhões com o Hamilton nos últimos anos, que é um piloto que requer uma manutenção muito alta, com muitas manias e muitos quereres. Porque é que a Mercedes iria arriscar por lá o Vettel, começar uma fricção que não há dúvida que iria haver entre os dois? Não estou por isso a ver o Vettel a ir para a Mercedes… A Renault parece-me o mais certo para ele.”
A entrevista completa pode ser vista aqui.
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