Luisão, antigo capitão do Benfica e atualmente embaixador do clube encarnado, esteve à conversa, em direto, no Facebook da ELEVEN SPORTS Durante 45 minutos, o brasileiro, de 39 anos, explicou as suas novas funções no clube da Luz, abordou o regresso da I Liga e recordou vários momentos marcantes da sua carreira desportiva.
Após deixar de jogar, em 2018, Luisão passou a ser embaixador do Benfica e explicou o que tem feito na estrutura do clube: “O presidente e Domingos Soares Oliveira deram-me a oportunidade de, durante dois ou três anos, aprender outra área do futebol. Não é um cargo remunerado, é uma aprendizagem e produto do carinho que tenho do clube. Representar o Benfica é uma responsabilidade enorme e tenho adorado. Encarei a transição de jogador para embaixador como um desafio. Senti medo e receio, até por aquilo com que me depararia no mundo corporativo. Mas tive humildade para aprender, ouvir e não antecipar as coisas. Tenho-me centrado em aprender inglês e tudo tem fluido naturalmente”, explicou.
Em relação à paragem do futebol, provocado pela pandemia do Covid-19, Luisão diz ter-se sentido “muito triste com toda esta situação, pois muita gente tem sofrido bastante”. Com a I Liga com regresso previsto para 4 de junho, o antigo capitão do Benfica é otimista quando às possibilidades de a equipa de Lage revalidar o título de campeão: “Não menosprezando o FC Porto, olho para dentro de casa e estou confiante. O Benfica cuidou dos seus atletas até ao mínimo detalhe. Vendo o que o que o Benfica fez, acredito que os jogadores podem ganhar as 10 jornadas que faltam do campeonato, mais a final da Taça”, considerou Luisão, que opinou que “os jogos à porta fechada podem ser uma oportunidade para que todos possamos refletir. É muito difícil ver bancadas vazias, mas enquanto os jogos forem à porta fechada podemos pensar no ambiente que queremos para os encontros de futebol. Quando voltarmos aos estádios, vamos querer desfrutar do jogo ou continuar a assistir a casos de violência que sucedem dentro e fora de estádios? Pode ser um momento de reflexão interior para sabermos como é bonito ver a família inteira ir assistir a uma partida”, rematou o antigo defesa.
Com 538 encontros realizados pelo Benfica, Luisão é o segundo jogador da história do clube com mais partidas realizadas e aquele que mais títulos conquistou (20). O brasileiro recordou que, apesar do êxito que viria a ter, “a adaptação não foi fácil. Cheguei do Brasil como campeão pelo Cruzeiro e internacional, mas o futebol aqui era mais dinâmico, mais tático, e eu achava que tinha de mostrar algo às pessoas. E depois surgiram lesões e tive dificuldades para apanhar o ritmo. Mas apercebi-me que tinha de ser o mesmo Luisão, consegui dar a volta por cima e encaro isso com muito orgulho”.
Luisão, que recordou “a importância do título de 2004-05, pois marcou um pouco o renascimento do Benfica”, destacou o papel de Jorge Jesus na sua carreira: “Foi o treinador que mais me marcou. Foi um ponto de viragem na minha carreira. Já o apanhei com 28 anos e o que ele me ensinou em termos de conhecimento do jogo foi brutal. Se consegui prolongar a minha carreira foi graças a ele, porque simplificou a minha vida e ensinou-me muito”, revelou Luisão, que expressou ter sentido “tristeza pelas críticas que Jesus recebeu quando chegou ao Brasil. Julgo que refletiram a dificuldade que a sociedade brasileira tem em acolher outros ídolos e aprender com as pessoas. Depois, o sucesso que ele teve no Flamengo não me surpreendeu”.
Apesar dos 20 títulos conquistados no Benfica, Luisão não esquece as finais europeias perdidas ante Chelsea e Sevilha: “Ainda hoje recordo a dor desses momentos. Contra o Chelsea jogámos muito bem contra um rival muito forte, mas não tínhamos tanta experiência. Frente ao Sevilha chegámos à final um pouco prejudicados, devido às suspensões que tivemos na meia-final, mas lutámos bem e só perdemos nos penaltis. Ambas derrotas custaram muito”, lembrou o brasileiro.
Sobre a atualidade do Benfica, Luisão opinou que Bruno Lage “colocou sangue novo na equipa”, falando sobre várias das jovens promessas que têm vindo da formação do Benfica. Sobre Rúben Dias, o antigo capitão salientou a “enorme personalidade”, do central, que “tem tido um crescimento incrível”. Em relação a João Félix, Luisão contou que “quando começou a treinar connosco percebi logo a qualidade dele. Num treino até disse ao Jonas que o menino era acima da média. Faz tudo com muita naturalidade, foi incrível vê-lo no título passado e espero que continue a crescer”. Também Florentino Luís foi alvo de muitos elogios: “É um jogador elegante, no sentido que é bonito vê-lo jogar. É bonita a maneira como ele se posiciona e ver as recuperações de bola limpas que ele faz, estando sempre bem posicionado. Acho incrível, no Florentino, a tranquilidade e personalidade que ele mostra, mesmo em jogos da Champions. Parece que está na equipa principal há muito tempo. Pela sua elegância e posicionamento, gosto muito dele”.
Finalmente, Luisão elegeu Garay e Juan como “parceiros ideais de defesa” e Saviola como “o avançado mais difícil de enfrentar. Mesmo sendo só em treinos, nunca consegui lidar com ele”. Com 47 internacionalizações pelo Brasil e presença em dois Mundiais, Luisão recordou que “em 2006 o Zidane acabou com o jogo e fomos eliminados, numa bola parada, por uma grande seleção francesa. Em 2010, com uma seleção renovada, poderíamos ter ido mais longe, mas ainda hoje não sabemos bem como perdemos daquela forma contra a Holanda”, rematou.
A entrevista completa pode ser vista aqui.
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