O Super Bowl será o 19º jogo para cada um dos finalistas deste ano. O caminho para atingir o jogo decisivo foi longo e teve em comum para Patriots e Rams o facto de terem conquistado o título de campeões das suas divisões e de ambos terem ficado em 2º lugar na Fase Regular na AFC e NFC, as duas conferências da NFL.
NEW ENGLAND PATRIOTS
Começando pelos Patriots, após o título perdido no Super Bowl de há um ano, muitos pensaram que o fim da dinastia de domínio dos Patriots na NFL, que perdura desde 2001, com a dupla Bill Belichick (treinador) e Tom Brady (quarterback), estaria a chegar. Mais uma vez, os pontos de interrogação foram injustificados e a equipa voltou a reinventar-se, mesmo tendo perdido o seu coordenador defensivo, Matt Patricia, que assumiu o cargo de treinador dos Detroit Lions.
A verdade é que, mesmo sem grandes estrelas, para além do Tom Brady e Rob Gronkowski, os Patriots voltaram a ganhar a sua divisão sem grandes problemas, e poderão agora atingir o seu sexto título o que permitiria aos Patriots igualarem os Steelers como a equipa com mais títulos da história da NFL.
Pelo 16º ano consecutivo, os Patriots atingiram os dois dígitos em número de vitórias nos 16 jogos da fase regular e assim garantiram o segundo lugar na AFC, o que lhes valeu o acesso direto ao segundo fim-de-semana de playoffs, depois do descanso na fase Wildcard. A equipa da zona de Boston venceu 11 jogos e perdeu 5 na fase regular. E o início pareceu dar razão aos críticos pois após terem entrado a vencer os Houston Texans, sofreram duas derrotas de uma assentada frente aos Jaguars e Lions, estes últimos frente ao seu antigo coordenador defensivo.
Mas quando todos começavam a achar que a era estava a chegar ao fim, Brady mostrou que nem após os 40 anos a sua qualidade parece baixar. Seis vitórias de seguida e aí estavam os Patriots a liderar a AFC East. As últimas sete semanas não foram brilhantes, com 4 vitórias e 3 derrotas, com a curiosidade de todos os desaires terem ocorrido fora de portas. Nos oito jogos fora, os Patriots somaram 5 derrotas e apenas 3 vitórias.
Sem terem a vantagem de jogar a final da AFC em casa, se fosse frente aos líderes da fase regular da AFC, os Kansas City Chiefs, como se viria a verificar, os Patriots não surgiam como favoritos. Nem mesmo após uma vitória incontestável frente aos Chargers no primeiro jogo do playoff. Mas mais uma vez a equipa de New England contrariou todas as odds e bateu uma das mais empolgantes equipas da NFL em 2018, os Chiefs, liderados por Patrick Mahomes, o quarterback que poderá ser o sucessor de Brady pela sua tremenda qualidade e números impressionantes nesta sua primeira época a titular (segunda época na NFL). O jogo teve de ser decidido no prolongamento, onde Tom Brady com todo o seu sangue frio, mostrou que velhos são os trapos.
Esta será a nona presença de Brady no Super Bowl, número que não encontra paralelo em nenhum outro ao longo da história da NFL. Também é o jogador mais titulado da história da Liga, somando aos 41 anos um total de 14 seleções para o Pro Bowl (All-Star Game da NFL) e três títulos de MVP.
A grande vantagem do jogo dos Patriots é a variedade de jogadores que Brady tem como alvo para atirar a bola. Não existe um receiver com 850 jardas de passe acumuladas, mas cinco têm mais de 500 jardas cada, o que demonstra a variedade de escolhas de Brady. Nota ainda para um jogo de corrida muito poderoso, com Sony Michel e James White a complementarem-se na perfeição.
No lado defensivo, nota para a excelente capacidade da sua secundária, que somou 18 interceções, o terceiro melhor registo entre todas as equipas da NFL em 2018, e para uma linha defensiva muito experiente e de grande qualidade, capaz de importunar constantemente os quarterbacks adversários.
LA RAMS
Os Rams regressam ao jogo mais importante da NFL precisamente 17 anos depois da sua última presença. Na altura, os Rams estavam em St. Louis, pelo que é preciso recuar 39 anos para a única presença da equipa quando estava em LA. Sendo que esta é a primeira vez que uma equipa de LA chega ao Super Bowl nos últimos 35 anos.
Após 21 anos em St. Louis, o regresso a LA há três anos atinge agora o seu ponto alto com a presença no Super Bowl. E o início deste percurso de sucesso teve como pontapé de saída a contratação do jovem treinador Sean McVay em 2017. O caminho para o êxito começou logo na época de estreia, com os Rams a vencerem a NFC West, mas cairiam logo no primeiro jogo dos playoffs.
Um ano depois, com uma equipa mais experiente nestas andanças e com algum amadurecimento do seu jovem quarterback Jared Goff, os Rams conseguiram ultrapassar tudo e todos para atingir o Super Bowl.
A aposta foi grande para que em 2018 a história não terminasse de forma abrupta nos playoffs. Os reforços Brandin Cooks (wide receiver), Aqib Talib e Marcus Peters (ambos cornerbacks) e Ndamukong Suh (defensive tackle) foram as estrelas que faltavam no Passeio da Fama dos Rams para criar uma equipa de sonho em Los Angeles.
E o arranque da temporada foi impressionante. Oito vitórias consecutivas, atingindo 33 ou mais pontos marcados em seis desses oito jogos. A primeira derrota surgiria em New Orleans, contra os Saints, mas a derrota acabou por ser positiva para que a equipa percebesse que não iria ter um passeio até ao Super Bowl. A equipa reagiu com mais três vitórias, sempre com pontuações acima dos 30, mas o mês de Dezembro não foi feliz, com duas derrotas seguidas com os Bears e Eagles, esta última a única sofrida em casa, o que custou aos Rams o primeiro lugar na NFC, em benefício dos Saints.
Assim, tal como os Patriots, terminaram no segundo lugar da NFC, sabendo que caso os Saints chegassem à final da NFC, teriam de bater a equipa de New Orleans no seu estádio, algo que nunca ninguém havia conseguido em jogos dos playoffs na história da NFL.
Porém, primeiro tiveram que levar a melhor sobre os Cowboys, algo que conseguiram num jogo equilibrado e de grande emoção, mas onde os Rams mostraram sempre ser superiores.
Chegado então o jogo decisivo no Superdome de New Orleans, os Rams conseguiram vingar a primeira derrota sofrida na fase regular neste mesmo estádio. Após um início para esquecer, com um parcial de 13-0 a favorecer a equipa de Drew Brees, os Rams conseguiram reentrar no jogo e lutaram até ao último segundo para evitar a derrota, o que conseguiriam a poucos segundos do fim, com um field goal a permitir o empate que levaria o jogo para o prolongamento. Isto após uma decisão muito controversa da equipa de arbitragem a um minuto do final, que foi motivo de discussão em todos os espaços mediáticos, dos jornais e TV’s até às redes sociais, durante a última semana e que até deu origem a um processo em tribunal para impugnar a realização do Super Bowl LIII, exigindo a repetição dos Saints Vs Rams. A “No-Call”, como foi apelidada, permitiu aos Rams não verem o relógio esgotar-se sem hipótese de atacarem, o que daria aos Saints a possibilidade de chutarem o field goal decisivo que os apuraria para a segunda presença da sua história no Super Bowl.
Polémicas à parte, os Rams aproveitaram a oportunidade e após uma intercepção na primeira posse de bola dos Saints, Jared Goff conseguiu que a sua equipa chegasse ao meio-campo adversário em posição de chutar o pontapé da vitória que o kicker Greg Zurlein não desaproveitou.
Caso vençam no próximo domingo, os Rams alcançarão o seu segundo título, que seria o primeiro em LA na era Super Bowl.
Olhando para a equipa, os Rams, ao contrário dos Patriots, têm tantas estrelas que é difícil destacar apenas dois ou três jogadores. Mas a estrela maior talvez seja mesmo o treinador Sean McVay, que conseguiu unir este grupo de estrelas e fazer uma equipa de enorme valor. A isso junta uma enorme audácia, com decisões de risco que muitas vezes surpreendem os rivais.
Os Rams acabaram a fase regular como o segundo melhor ataque da prova, quer em número total de jardas, quer de pontos por jogo, tendo conseguido 30 ou mais pontos em 12 dos 16 jogos. E a qualidade desse ataque faz-se de uma distribuição equitativa do jogo pelo ar e de corrida. A enorme qualidade de passe de Goff junta-se à dupla de running backs de excelência, com Todd Gurley e CJ Anderson.
Mas se o ataque é muito forte, a defesa não lhe fica atrás. Liderados pelo coordenador defensivo Wade Phillips, que conquistou o Super Bowl 50 há três anos quando ao serviço dos Denver Broncos, com a melhor defesa dessa temporada, o leque de estrelas no último reduto dos Rams é impressionante. A estrela maior é o pass rusher Aaron Donald, um terror para qualquer quarterback. Este ano atingiu 20.5 sacks. Ao seu lado, a linha defensiva é completada por Suh e Brockers, outros dois pesos pesados desta Liga.
Apesar dos números defensivos não serem tão impressionantes como os do ataque, a verdade é que com tanto talento do lado defensivo do jogo, é certo que a qualquer momento uma das suas figuras pode ajudar a resolver a partida a favor dos Rams.
No domingo, os Rams podem vingar-se de Brady e dos Patriots que em 2001, na última presença dos Rams no Super Bowl, venceram por 20-17, naquele que seria o primeiro título dos Patriots e da dupla Belichick-Brady. Ali começou a dinastia dos Patriots. Terminará este domingo? E se sim, terminará da mesma forma que começou, com uma vitória dos Patriots? Ou com a vingança dos Rams?